Questões profissionais, ou não.



Estamos em épocas de eleição. Se você vai votar ou não no Tiririca, pouco importa. Pior do que está, não vai ficar. Seja essa uma verdade ou uma piada.

Além deste contexto mais, literalmente falando, global; outra eleição menos importante para o globo ocorre: a eleição do Conselho Federal de Psicologia.

Nunca tive, e possivelmente nunca terei, uma carteira de psicólogo profissional (apesar de ser formado em psicologia, e ser um apaixonado pela área). Entretanto, devo comentar.

Na ditadura militar, psicólogos eram conhecidos como "psi-tiras". A ditadura acabou, mas a psicologia continua levantando bandeiras. Não acredita? Lembre-se do caso da psicóloga brasileira que oferecia tratamento para homosexualismo, uma profissional que continua atuando como psicóloga com carteira assinada pelo conselho.

Você, como psicólogo, se sente confortável com uma terapia para curar homosexuais? E com relação à práticas "pouco ortodoxas", como florais de bach? Que tipo de medidas você tem a favor ou contra o assunto? Que medidas lhe foram informadas pelo seu conselho profissional? Que garantias este conselho lhe dá de que uma prática terapêutica pode ou não pode ser psicológica? Entendo que existam extremos, mas que controle sobre esses extremos você, como psicólogo, que paga sua anuidade, tem através do seu conselho?

Talvez essas perguntas estejam fora de contexto. É possível, não sou um psicólogo de carteira assinada. Entretanto, vejo todo dia pessoas voltando de consultas com seus psicólogos com seus florais de bach em mãos. Acredito ser a hora adequada para questionar estes pontos, por mais fora de contexto que estejam. Afinal, é dia do psicólogo.

Parabéns aos interessados.

A Análise do Comportamento propõe alguma estratégia de treinamento para transformar a prática da leitura em um hábito prazeroso?

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Não encontrei estudos específicos em Análise do Comportamento sobre o assunto.

ResearchBlogging.orgA leitura pode ser um hábito prazeroso a depender das contingências. Em situação de ensino programado, o chamado “método Keller” (Keller, 1966) visa uma estratégia de ensino, por assim dizer, mais prazerosa, baseada em reduzir a níveis mínimos as contingências aversivas. Esse método é realizado através de um Sistema Personalizado de Instrução (SPI). O SPI consiste em ensinar os alunos por meio de tutorias, de maneira que o aluno seja atendido individualmente por um professor ou monitor. Além disso, o ritmo do ensino é ditado pelo ritmo do próprio aluno, não havendo, portanto, uma cobrança para que ele atinja o critério de velocidade de aprendizagem de um aluno ideal.



Fora do ambiente de ensino, um leitor pode diminuir a aversividade da leitura sortindo o conteúdo dos textos; intercalando leituras mais difíceis e longas, como as acadêmicas, com leituras mais acessíveis e breves, como revistas, contos, quadrinhos etc. Também é possível arranjar contingências de reforçamento positivo colocando a leitura obrigatória antes de eventos reforçadores (e.g. ver filmes, sair com amigos).

Acima de tudo, ler é um comportamento que demanda um custo de resposta, que deve ser reduzido gradativamente em comparação às contingências reforçadoras. Para isso, o ambiente deve ser o mais ergonomicamente favorável, bem como não se deve exceder o tempo de leitura, que pode ocasionar fadiga do comportamento e comprometer o responder discriminado às relações verbais do texto, o que podemos chamar de compreensão.

Rubilene.
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Atenção: as respostas aqui fornecidas têm caráter informativo e não devem ser encaradas como terapias ou sugestões de qualquer tipo de intervenção. Para esse tipo de serviço, deve-se procurar diretamente um profissional autorizado e qualificado que possa analisar as contingências com dados suficientes e traçar um procedimento específico.
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Referências

Keller, F. S. (1966). Engineering personalized instruction in the classroom. Revista Interamericana de Psicologia.

Ver também:

Skinner, B. F. (1958). Teaching Machines. Science, 128, 969-977. PDF